quarta-feira, 4 de novembro de 2009

:: Procura-se ::


Por onde andará Stephen Fry?
Zeca Baleiro
por Francine Micheli

Sem sombra de dúvidas, "Por onde andará Stephen Fry" (1997) é figura ilustre na categoria de cds-perdidos-no-fundo-da-gaveta-há-miliano-atrás. E num surto de retrocesso, coloquei o bichinho pra tocar sem segundas intenções e tive um pensamento: é possível sim que nos apaixonemos pela segunda vez pela mesmoa pessoa - ou pelo mesmo disco.

Depois de 12 anos, o primeiro cd de Zeca Baleiro rodou repetidamente na minha vitrola e a cada vez era possível descobrir detalhes que eu, no auge da imbecilidade da minha adolescência, nunca tinha tido maturidade suficiente para absorver. É um trabalho conciso, redondo, engraçadíssimo, irônico e muito, muito competente. Disco de ouro na época, considerado pela Rolling Stone um dos melhores discos da década passada.

Ok, deixando os louros de lado, é bom lembrar que esse é o disco que tem o primeiro rock celestial do planeta: "Heavy Metal do Senhor" é uma pachorra talentosa, enquanto abre a porteira pra boiada que vem em seguida. É ponto de umbanda musicado, xaxado, boi-bumbá, róquenrol e uma particularidade: tudo junto sem parecer bairrista.

"Salão de beleza" critica a mania das mulheres de querer ser belas demais - sem soar lugar-comum, e "Parque da Juracy" homenageia Steven Spielberg e Genival Lacerda num techno-forró de lascar a sola do sapato e rachar o bico. Tem também a menos conhecida "Skap", uma declaração de amor simplesmente deliciosa e "Kid Vinil", um converta aos prazeres da tecnologia.

Às vezes, falar da criatividade de Zeca Baleiro pode ser algo meio chover no molhado. Mas quando se ouve o estreante Por Onde Andará Stephen Fry é fácil cair nas garras da sabedoria nordestina que tira sarro do resto do mundo.

E viva a buchada de bode!

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