quarta-feira, 30 de março de 2011

:: Skazeiras ::

vou estrear como dj em goiânia nesta sexta, 01/04, no Metrópolis,
quando o pub recebe a visita alucinada dos mineiros do
Fusile (ska de b.h. que é puro tnt!)

como a festa está programada para celebrar o SKA, nos últimos tempos mergulhei fundo nos "arquivos do estilo" para selecionar as eleitas para a pista.

estou longe de ser ás neste gênero (aliás, seria o ska uma espécie de reggae anfetaminado? O jazz de big-band entrando na era da guitarra elétrica? O explosivo encontro da malemolente Jamaica com a frenética América? Desisto!), mas já tive crushs por um punhado de bandas de ska.

Save Ferris
(juro que bati o olho no verdinho ali atrás e pensei que era "apologia"...)

Monique Powell,
ex-vocalista do Save Ferris
O Save Ferris já foi uma das bandas que eu mais adorava ouvir quando precisava de algo que unisse beleza, alegria e empolgação, ambas em doses cavalares. Numa época que os metaleiros do ABC ao meu redor "piravam" com o Nightwish, depois com o Evanescence, eu, contrariando os pendores neo-góticos dos cabeludos, preferia pagar-pau era pra Monique Powell.

O Rancid continua sendo uma das bandas na história do punk que mais curto, a ponto de já ter ouvido ...And Out Come The Wolves e Life Won't Wait mais vezes do que muito disco dos Beatles. "Time Bomb" é o tipo de hit que não se desgasta ou envelhece, ainda que 15 anos tenham se passado desde que explodiu.

Sem falar nas finas pepitas com pitadas de ska do The Clash, presentes em profusão no London Calling, que só se tornou um dos álbuns mais cruciais da história do rock com os riscos que a banda tomou longe das fronteiras do punk 77' ramônico que dominava os dois primeiros, acabando por flertar com o rockabilly, o reggae, o soul e, claro, com o ska ("Rudie Can't Fail", "The Right Profile" e "Wrong 'Em Boyo" o atestam!).


Rancid: nada representa melhor o skacore noventista do que ...And Ou Come The Wolves(1995)
e seus carros-chefe "Time Bomb" e "Ruby Soho"

Danny Elfman, compositor dos temas de
Os Simpsons e A Noiva Cadáver, dentre outros
Ultimamente, feito um cosmonauta do oceano de terabytes da Grande Rede, fui atrás de expandir meus conhecimentos sobre o ska e estilos semelhantes e andei ouvindo muito Toasters, Mad Caddies, Squirrel Nut Zippers, Big Bad Voodoo Daddy, Mighty Mighty Bosstones, Pietasters, Specials, Madness, Brian Setzer, Oingo Boingo e por aí vai... As trilhas sonoras do Danny Elfman também tem sido muito apreciadas (existirá algum compositor cinematográfico mais adorável para um fã de ska do que ele?)

A impressão que vai ficando é a de que ska é o equivalente do desenho-animado na história do rock: colorido, dinâmico, cheio de gags e micagens, chaplinesco e presleyano. É o estilo perfeito para quem cresceu adorando as trilhas de Tom & Jerry na TV e que, quando cresceu e deu aquela sadia apunkalhada da adolescência, conservou esta nostalgia infantil benigna.

O ska é Prozac distribuído gratuitamentes em eufóricas pílulas de som. Nos momentos de fossa, é aquilo que pode te içar para longe dos fundos-de-poço, do bico-do-corvo.

Tem certos saxofonistas que assopram o instrumento como se quisessem gerar uma ventania que nos arrancasse dos galhos todas as folhas de outono.

O ska é música de verão e de primavera, e ótima para que o inverno não seja tão gélido.

Só afunda-se mais aquele que houve, quando deprê, os desconsolos e labirintos do Joy Division. (ou alguma banda aflitiva e macumbúzia do mesmo naipe).. É música que prepara a corda lá na lavanderia e te solicita: "vem também, vêm pôr aqui o pescocinho..." Se fosse um amigo nosso, o Ian Curtis seria daquele tipo de amigo que te oferece as navalhas afiadas quando você diz que está cansado deste mundo e planejando deixá-lo. Duvidoso amigo!

Não será amigo melhor aquele que traz na gema e no peito o intento de nos deixar contentes? E é aí que entra o ska. Amigo mais confiável e jovial do que o pós-punk, por exemplo. Pois o ska é um amigo desses que nunca ouviu falar de "problemas existenciais". Não tem traumas de infância, complexos nem neuroses. Com ele não tem um pingo de "bipolaridade", de gangorra emocional, de choraminguice de emo ou de niilismo de grunge. O ska é um amigo que não tem dificuldade alguma para escancar um sorrisão na cara, sem medo de que lhe zoem de "garoto-propaganda da Colgate". Não à toa, os adjetivos dos gringos que mais me parecem fazer justiça ao ska são up-lifting e life-affirming.

Em breve pretendo soltar aqui umas mixtapes caprichadas com skazeiras finas que andei descobrindo e selecionando para o set no Metrópolis... Enquanto isso, deixo aí um punhado de bons discos que vale a pena conhecer.

Cheers!

SAVE FERRIS It Means Everything (1997)

STREETLIGHT MANIFESTO Everything Goes Numb

MAD CADDIES Just One More (2003)


TOASTERS Don't Let the Bastards Grind You Down



MIGHTY MIGHTY BOSSTONES Let's Face It (1997)


THE PIETASTERS Willis (1997)

4 comentários:

Anônimo disse...

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Fabricio C. Boppré disse...

Cara, nem sou grande fã do estilo, mas sou obrigado a baixar alguns desses discos indicados pois as capinhas são lindas!

Eduardo Carli disse...

Haha! Ééé, Fabrício, as capetas são um primor, mas o som não fica atrás. Para amantes do grunge como nós é sempre bom ouvir uma skazeira para espantar os urubus... :)

Espero que curta!

Carlos Alberto disse...

O Curtis sempre foi boa companhia. E nunca escutei direito ska na vida, mas depois desse animado texto, vou baixar uns sons aqui, conferir.