sexta-feira, 19 de agosto de 2011

<<< ARETHA! >>>



ARETHA!

A fabulosa Lady Soul, gogó dos mais abençoados que já habitaram uma garganta humana, é uma figura de currículo musical muitíssimo respeitável. Não ligo muito para Grammys, mas ela já papou 17 estatuetas do “Oscar da Música”, o que ao menos indica seu lugar de muitíssima honra no “panteão” do pop americano. Além disso, Aretha foi eleita pela Rolling Stone, a matriz (EUA), nada menos que o melhor ser-cantante de todos os tempos. Numa lista unisex (em que podiam ser eleitos tanto homens quanto mulheres), ela ficou no topo do pódio, deixando comendo poeira todos os pimpões: Ray Charles, Roy Orbison, Frank Sinatra, Marvin Gaye, James Brown, Stevie Wonder, John Lennon...

Não é honra pouca. E, por polêmica que seja a premiação, é prova das intensas reações afetivas despertadas nos ouvintes pela voz de Aretha Franklin, um ser humano incomparavelmente dotado da capacidade de infundir afeto ao canto, de inundar de paixão um bando de fonemas pétreos... Aretha Franklin é o modelo à que aspiram grande parte das cantoras que a sucederam, de Whitney Houston a Amy Winouse, de e Joss Stone... O talento das inspiradas, como se vê, é imensamente inferior ao talento da inspiradora. Tanto que ouvir Aretha Franklin é como ser banhado por um talento transbordante que deixa quase todo o resto parecendo farsa midiática, truques do ProTools, “photoshapadas” dadas na voz... Aretha é a fonte autêntica que deixa o resto parecendo pastiche. O resto... é resto.

Se quisermos encontrar cantoras realmente tão empolgantes quanto Aretha, na música de hoje em dia, teríamos que ir procurar ouro nas profundezas, como em todo garimpo promissor de tesouro: e lá, no dito “underground”, me parece que a voz de Aretha tem sido mantida viva por gente como Lisa Kekaula (cuja voz transforma os Bellrays numa bandaça garage-rock'n'soul que chega “tinindo e trincando”...) e Brody Dalle (a punkificação do soul, a hardcorização do Arethismo, faz do Distillers esta bandaça que é...).

Chega de papo: a música de Aretha Franklin não se presta muito a descrições verbais. Resta-nos abrir os ouvidos e às consciência a este de jorro de energia bruta, de potência feminil transbordantes, para nos re-plenificarmos nesta fonte!




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