domingo, 22 de abril de 2012

Marginals: jazz livre com atitude rocker é marca registrada do trio paulista





A música brasileira, nestes últimos anos, viu o surgimento e a consolidação de muitas bandas instrumentais de responsa. Grupos já consagrados como Macaco Bong, Pata de Elefante, Hurtmold, Guizado e Labirinto, dentre muitos outros, provam com a qualidade de seus trampos e a resposta positiva do público que o solo tupiniquim vive um de seus momentos mais férteis para o desabrochar de projetos instrumentais e experimentais dos mais variados. Dentre eles, o trio paulista Marginals, que lançou em 2011 seu disco de estréia (que você pode conhecer no fim deste post), é um destaque notável desta nova efervescência. 


Composto por músicos de muito renome no cenário independente brasileiro e que já tocaram nas bandas de apoio de artistas como Criolo e Rômulo Fróes, o Marginals faz "um som instrumental que dificilmente se encaixa em qualquer estereótipo ou rótulo", como diz a matéria do Eu Ovo. O ecletismo desmedido dá o tom para as invenções de Thiago França, (sax, flauta), Marcelo Cabral (contrabaixo acústico) e Tony Gordin (bateria), que se aventuram "do baião ao free-jazz, passando por funk, rock, soul e o que mais surgir no momento" - e sempre com um "compromisso com a atmosfera anárquica" (para citar o verbo do Na Mira do Groove).Thiago e Marcelo também tocam juntos em outro projeto, o Sambanzo, cujo disco de estréia Etiópia já pode ser considerado um dos grandes álbuns brasileiros deste 2012.

Nos próximos dias, o público de Goiânia têm a chance preciosa de conferir ao vivo as finas pirações do Marginals em evento que ocorre no Bolshoi Pub, na Quarta (25 de Abril), com abertura do Dom Casamata. Uma oportunidade imperdível de conferir um dos melhores grupos instrumentais do Brasil com um preço pra lá de camarada. Na sequência, para o público conhecer melhor a banda, coletamos  alguns excertos de duas entrevistas que a banda concedeu aos ótimos blogs Eu Ovo e Na Mira do Groove.


Mais info, dê um pulo no site do Bolshoi ou fale com o organizador
 Bruno Abdala (@Clube Recreativo do Escambo)


Na Mira do Groove - Por que MarginalS?

Thiago França: O nome caiu perfeito pra ideia, porque fomos buscando a rua, do periférico ao tradicional da música instrumental. Fomos nos ligando no rap, free-jazz, na música improvisada, numa coisa meio funk urbana, com uma pegada rock’n roll, às vezes um baião de São Paulo bem conectado com a cidade, respirando esse ar podre e aceitando que somos do Terceiro Mundo… Tem melodia que penso naqueles maninhos tocando funk carioca no morro – naquela melodia que não fecha. Ao mesmo tempo, isso tem uma relação com a música destemperada árabe… E isso tudo vai se juntando.


Eu Ovo - Você acha que existe um cenário de música instrumental hoje? Onde o MarginalS se encaixa?


Cena ou cenário, acho que é a mesma coisa, mas se usa mais "cena"… Tenho ouvido muito que o MarginalS é "meio jazz mas com uma pegada de rock". Gosto disso. Não consigo enxergar exatamente uma cena instrumental X ou Y, mas, fazendo um recorte com "pegada rock", uns mais, outros menos, eu curto e acho que tem a ver com a gente o Burro Morto, Macaco Bong, M.Takara3, Hurtmold, Guizado e o PsychoJazz.


 Na Mira do Groove - Tony, quais são suas principais referências pra tocar?


Tony Gordin: Meu pai ouvia muito jazz, big band. Meu irmão [Lanny Gordin, guitarrista] tocou com diversos artistas daqui, mas sempre teve essas referências brasileiras e americanas, com meu pai sendo a fonte da coisa principal da nossa inspiração – Count Basie, Duke Ellington, Oscar Peterson, essas escolas um pouco mais tradicionais. Quando você começa a tocar em clubes à noite, é um outro tipo de relação com a arte. Pode ser que estejamos tocando pra 20 mil pessoas em um festival e no outro dia podemos estar tocando pra 15 – e vai ser a mesma coisa. 


Eu Ovo - Pirataria X acessibilidade?


A gente é completamente a favor de disponibilizar tudo, mas nessa questão que você levantou, baixar um disco é só a ponta do iceberg. Historicamente, tirando alguns medalhões como Ivete Sangalo, Roberto Carlos, Xitãozinho e Xororó, entre outros desse quilate, artista nenhum ganhou dinheiro com venda de disco, o disco sempre pertenceu às gravadoras. Hoje, o disco é propriedade do artista, somos nós que decidimos o destino dele. Daí, você vê artistas como o MarginalS, o Metá Metá (que tem eu, Kiko Dinucci e Juçara Marçal), Criolo, Romulo Fróes, entre muitos outros, disponibilizando seus discos pra quem quiser baixar, enquanto outros artistas tão fazendo de tudo pra impedir isso, vide o caso da Ministra Ana de Hollanda. Ela tem os motivos dela. Independente duns trocados a mais ou a menos que viriam pros nossos bolsos, o acesso leva e traz muita coisa pra muita gente. Funciona quase que como um acordo de cavalheiros, você baixa o meu, eu baixo o seu, e tá tudo certo, todo mundo quer ouvir e ser ouvido.

No lançamento do CD do Metá Metá em Curitiba tinha gente cantando todas as músicas do disco, e curiosamente, essas são as pessoas que compram o disco, elas valorizam o artista. Num texto de 25 anos atrás, O Hermano Vianna contava que o dono dum selo de música africana tentou lançar o Fela Kuti aqui no Brasil nos anos 80 e nenhuma gravadora se interessou. Isso é acessibilidade, você ter liberdade pra ouvir e pesquisar o que você quiser, apreciar música livremente, longe dos grilhões do jabá. 90% do que eu conheço de música africana, que é indispensável pra tudo que eu faço hoje, é graças a internet. Da mesma forma, as coisas que a gente faz chegam com muito mais rapidez ao público e com uma abrangência enorme, que é muito favorável. O cara que baixa música em casa é o mesmo cara que há um tempo atrás, copiava um vinil ou CD numa fitinha cassete. A proporção disso hoje em dia é infinitamente maior, mas esse cara só quer ouvir música. Pirataria é outra coisa... Pirata é quem lucra com essa "transação". Você não paga pro artista, você não paga o download pro dono do site, mas o provedor de acesso você paga… Vixi, que esse papo vai longe…

<<< BAIXE E OUÇA OS DISCOS >>>





MARGINALS
Disco de Estréia - Auto-Entitulado (2011)
Mp3 de Qualidade Fina (320kps)
download (autorizado)


 SAMBANZO
Etiópia (2012)
Mp3 de Qualidade Fina (320kps)
download

2 comentários:

Mandy Savoy disse...

É muito difícil viver de música aqui no Brasil, mas um espaço como o que o seu blog está dando já é uma excelente forma de divulgação e apoio.

Unknown disse...

Valeu, Mandy! É justamente essa uma das idéias do blog: dar uma força aos batalhadores do cenário independente que merecem demais ser mais conhecidos pela galera. Volte sempre!